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Ravena

Fazer bom proveito das mudanças - é possível?

Atualizado: 20 de set. de 2018

Há algum tempo sinto vontade de escrever e compartilhar algumas experiências vividas, especialmente nos últimos dois anos, os quais considero riquíssimos em muitos aspectos da minha vida. Foram dois anos de muitas mudanças, as quais eu aceitei de coração aberto e posso dizer que fiz e continuo fazendo bom proveito destas mudanças.



A primeira grande mudança foi o desligamento de um projeto, ao qual eu estava vinculada há sete anos, com a rotina bem determinada, cumprindo 8 a 10 horas de jornada de escritório por dia. Estava acostumada a designar todo meu tempo a esse projeto e, aprender o que fazer com todo o tempo livre que passaria a ter, foi o primeiro aprendizado, afinal não gostaria de me transformar numa procrastinadora (uma tendência forte).

A outra grande mudança foi a mudança de endereço. Além de organizar a mudança do escritório onde trabalhava, ao mesmo tempo, fiz a minha mudança para uma casa nova compartilhada com meu companheiro. Aqui tive um reencontro com documentos e centenas de objetos há muitos anos esquecidos em pastas, caixas ou fundo de armários. Pratiquei o desapego. Consegui me desfazer de centenas de coisas, fossem peças de vestuário, enfeites de casa, papéis, remédios e cosméticos vencidos ou qualquer coisa que não fizesse mais sentido ou que não tivesse sido utilizada no último ano. Percebi quanto dinheiro desperdiçamos com "coisas" e quantas coisas desnecessárias. Passei a pensar "quantas horas preciso trabalhar para adquirir tal objeto" e percebi que mais me valia investir em algumas experiências ainda não vividas. A mudança tinha acontecido e eu também tinha mudado.

Como resultados dessas mudanças posso citar:

- uma viagem pra Espanha (dos Pirineus ao Gibraltar - um dia escrevo sobre essa experiência maravilhosa);

- uma viagem para a Itália (das Dolomitas à Costa Amalfitana - puro amor);

- uma viagem de carro até o extremo sul da América do Sul (com trekkings em Chaltén, Torres del Paine, Los Alerces, Península Valdéz, passeio de barco no Canal Beagle no Ushuaia e muitas outras coisas - rende um livro!);

- uma viagem de carro até o Ceará, desfrutando do interior do Brasil. Essa viagem possibilitou um reencontro com minha família e com muitos amigos queridos, e mesmo já tendo viajado muito pelo Brasil, a cada nova viagem me surpreendo com nossas paisagens e tenho mais compaixão pelo nosso povo.

Nestas viagens percebi que preciso de muito pouco, "quanto menor a mala levada, maior a bagagem trazida". Isso me trouxe um novo comportamento na forma de consumir e de cuidar de mim mesma.

Dei asas à imaginação e me permiti ser criativa. Sempre fui dada às manualidades e naturalmente, assim entre estas tantas viagens, com tantos aprendizados, surgiu a Casa da Botânica.

Posso dizer que sempre tememos as mudanças, às vezes algumas pessoas se desesperam diante de mudanças, mas mudanças deveriam ser consideradas boas. Ter a possibilidade de olhar dentro de si e se permitir mudar é algo fantástico.

Certa vez li uma frase atribuída à Vincent Van Gogh e achei que essa frase me caía bem e de uma forma muito simples me deu força para aceitar as mudanças e acreditar que elas seriam boas, e me incentivou a colocar em prática um projeto novo:

"Normality is a paved road: it's confortable to walk, but no flowers grown on it" - em tradução livre "A normalidade é uma estrada pavimentada: é confortável para caminhar, mas nenhuma flor cresce nela". Para você que está "no olho do furacão" talvez a frase também sirva de inspiração. ;)


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